sábado, 2 de julho de 2011

O êxodo em diferentes contextos



O ÊXODO EM DIFERENTES CONTEXTOS

Vidas Secas – Graciliano Ramos
Na obra Vidas Secas é revelada a fuga de uma família da seca do sertão, onde a família de Fabiano sai de sua terra árida a procura de uma terra melhor, longe da seca que tem os consumido.
“Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos.
Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco,
A viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra.”
(RAMOS, p.01)
A família é formada por Fabiano, o pai, um homem simples, de pouca fala, com o pensamento que nasceu para trabalhar e ser como um bicho. Um homem sem a visão do valor que tem como ser humano. A mulher de Fabiano, sinhá Vitoria, sem muitos planos, apenas um sonho, uma cama como o das outras pessoas. Um casal que não sabe demonstrar os sentimentos, que não tem um dialogo, apenas murmúrios. Fabiano tem dois filhos, os quais não são mencionados os nomes, apenas é demonstrado que são crianças comuns que fazem do barro seco, um brinquedo e de pequenos momentos, grandes alegrias.O filho mais moço deseja sobremaneira ser igual ao pai, tenta mostrar em uma certa situação a coragem e astucia igual ao seu pai, porém seus planos não saem bem e é ridicularizado pelo irmão.Já o filho mais velho aparenta ser mais independente, solitário, contando apenas com a fiel companhia de sua cadela, Baleia. Ela, a cadela, tem papel importante na história, talvez até mais que os próprios meninos, por ser revelado seu nome.
A morte da Baleia é narrada em todos os detalhes. Esta foi adoecendo e conseqüentemente emagrecendo, perdendo pelos. Fabiano tentando tratar a cadela usou da medicina local com ervas, porém de nada adiantou. O fim era inevitável e Fabiano decidiu sacrificá-la. Enquanto sinhá Vitoria tenta distrair os meninos e abafar o som dos tiros que vinham pela frente, Fabiano foi preparar a espingarda para sacrificar Baleia. A narração do momento em que o tiro é lançado contra a pobre criatura até o momento em que ela morre causa pesar naquele que lê, expondo mais uma vez a importância da Baleia no contexto. Após o tiro, a narração vira-se para os sentimentos de Baleia e o que se passa em sua cabeça, em primeiro momento a raiva de Fabiano, seguida da preocupação com as responsabilidades e a falta de força para se mover. Baleia é lembrada  com grande dor até o final da história pelos personagens.
“Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás.”
(RAMOS, p. 91)
A seca continua e a família de Fabiano se vê em crise mais uma vez. Tentando lutar para sobreviver, a família deixa sua casa e parte ao encontro de uma terra melhor. Desejando viver apesar da seca que inapelavelmente desejar tragar a vida do pobre sertanejo.
“Podia continuar a viver nem cemitério?
Nada o prendia àquela terra, acharia um lugar menos seco para enterrar-se.”
(RAMOS, p. 118)
As Vinhas da Ira – John Steinbeck

         A história central é de uma família de trabalhadores rurais que sai de Oklahoma para Califórnia em busca de melhores condições de vida. A família percorre sua jornada desesperada atrás dos algodoais da Califórnia deixando para trás a secura das terras de Oklahoma e o pó que domina a terra. Com a família Joad seguem outras famílias, tornando-se uma grande família:
"as vinte famílias tornavam-se uma só família, os filhos de uma eram filhos das outras, e de todas. A perda de um lar tornava-se uma perda coletiva,                                                                             e o sonho dourado do oeste um sonho coletivo" (pg. 262).
A família Joad é formada pela mãe, seus Tom e Rosa de Sharon, o tio John e o avô Joad e a avó Joad. A figura da mãe tem grande importância, pode-se dizer que ela assume o papel central com Tom, pois ela retrata a força, e esperança na família.
Tudo o que nos resta é a família, é a nossa união. Não tenho medo de nada, enquanto estivermos todos juntos. Não quero que a gente se separe. (...)                                                                        com a minha família é diferente:  ela não pode desunir-se.                                                                                                 Prefiro rachar a minha própria cabeça, mas não vou permitir isto (p. 228).
“Virá o tempo em que tudo isso vai mudar,                                                                             quando a morte será parte da morte geral,                                                                                    e o luto uma parte do luto geral e morte e luto são as duas partes de uma mesma coisa. E aí não vai ter mais coisas pessoais. E aí uma dor não mais doerá tanto,                                                                                              porque não será mais apenas uma dor pessoal..." (pg. 282).
        No início da viagem, a família enfrenta a primeira morte de sua trajetória, a do avô Joad, o que acaba causando um descontrole emocional da avó. Antes de atravessara fronteira, a avó Joad também falece. Rosa de Sharon perde seu bebê, o que acaba por seu um meio de ajudar um homem necessitado. Uma grande enchente força a família a fugir mais uma vez. Chegando a um galpão, a família se depara com um garoto e seu pai, que há dias não se alimenta. Em um ato de compaixão, Rosa de Sharon, que foi impossibilitada de amamentar, agora pede para que todos os homens saiam do galpão e alimenta o homem.
“Então, com vagar, dobrou os joelhos e deitou-se ao lado dele. O homem esboçou um movimento negativo com a cabeça, um movimento fraco e muito lento. Rosa de Sharon desfez-se do cobertor, deixando os seios desnudos. – tem que ser – falou, aproximando-se mais dele, e puxando a cabeça para si. – Assim – disse. (...) Ergueu os olhos e seu olhar percorreu o galpão escuro e seus lábios cerraram-se e ela sorriu misteriosamente. (p. 628-629)                                                                                                                                    
A obra termina com esta cena que apesar de todas as circunstancias ruins que os cercam, a compaixão é lembrada pelos seus personagens.
O êxodo nas duas obras apesar de ser em diferentes países demonstra a busca pela melhor condição de vida. Na obra de Graciliano Ramos podemos observar uma família brasileira fugindo da grande seca do sertão para uma terra desconhecida. Já em As Vinhas da Ira, a família americana Joad e outras famílias fogem da empoeirada Oklahoma para a verdejante Califórnia.
Autores: Andressa Dias Geraldo, Nayara Alves Negrão e Thaís de Lima Kuceki.

Nenhum comentário:

Postar um comentário